Relação Videogames e Perda Auditiva

Um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) chama a atenção para os riscos dos excessos na utilização de videogames relacionados à perda auditiva. O relatório foi publicado após a entidade analisar bases de dados sobre busca de estudos relacionados a danos auditivos causados pelo uso excessivo de videogames. O levantamento foi publicado no BMJ Public Health e analisou três bases de dados: PubMed, Scopus e Ovis MEDLINE.

O documento mostra a utilização de videogames em níveis sonoros variando entre 43,2 decibéis (dB) em dispositivos móveis a 89 dB em consoles de mesa e computadores, além de rompantes de barulho que alcançaram 119 dB, acima dos limites seguros de exposição para crianças – em torno de 100 dB.

Do total de estudos analisados, cinco deles associaram perda auditiva autodeclarada e tinnitus (zumbidos) à utilização de videogames. Em outro documento revisado pela OMS, há relatos de exposição a níveis de sons altos ou muito altos por até 10 milhões de pessoas através de jogos eletrônicos nos Estados Unidos. Ainda segundo o relatório, outra preocupação está diretamente ligada ao uso de fones de ouvido, pois uma outra pesquisa analisada apontou uma exposição a níveis sonoros mais danosos.

Os autores do relatório admitem que a revisão é limitada, devido à diversidade de fontes utilizadas e aos poucos estudos específicos sobre o tema, no entanto, eles chamam a atenção para algumas práticas inseguras no uso de videogames relacionadas à perda de audição.

No total, foram coletadas informações de 14 estudos revisados por pares, envolvendo um total de 53.833 pessoas, além de dados presentes em várias publicações da chamada literatura cinzenta (anais de conferências, boletins informativos, relatórios, documentos governamentais, dissertações, relatórios de pesquisa etc.).

Dados da OMS, divulgados no final do ano passado, apontam que mais de 5% da população mundial, ou 432 milhões de adultos e 34 milhões de crianças, necessitam de reabilitação para a perda auditiva incapacitante. A entidade estima que até 2050 mais de 700 milhões de pessoas – ou um em cada 10 indivíduos – sofrerão com o problema e 2,5 bilhões vão conviver com algum grau de perda auditiva.

O artigo original pode ser acessada em: https://bmjpublichealth.bmj.com/content/2/1/e000253