Março de 2014
O surgimento de falsas contraindicações para vacinação é um grande problema para o êxito de um programa de imunização. O medo, a desinformação, os boatos e até a falta de experiência dos profissionais de saúde em lidar com novas vacinas incorporadas ao calendário, podem levar insegurança para as famílias.
Desde o início da vacinação no país, já experimentamos conflitos e questionamentos sobre a vacinação.
A revolta das vacinas, ocorrida no Rio de Janeiro no início do século XX, com a vacinação obrigatória para varíola, gerou violentos conflitos entre a população e o governo. Com o domínio da situação pelo governo, a vacinação prosseguiu e a epidemia de varíola foi controlada.
Muitas outras situações que colocaram em dúvida a segurança das vacinas ocorreram ao longo dos anos, como a vacinação para influenza para idosos, cuja alegação era de que recebiam a vacina e ficavam resfriados. Na verdade o que ocorria era a desinformação, de que a vacina não estava indicada para resfriado comum e sim para gripe, além do que a vacina, sendo inativada (ou seja, morta), não poderia causar gripe.
Como exemplo fora do Brasil, boatos sobre autismo e doenças autoimunes relacionados ao uso de vacinas causaram epidemias de coqueluche e sarampo na Europa e Japão.
A vacinação de adolescentes também implica em aumento de episódios de desmaios, provocados pelo que chamamos de reflexo vagal, relativamente comum entre adolescentes na prática clínica e agora, com a introdução da vacina para HPV, vivenciaremos com mais frequência.
Logicamente nenhuma vacina é isenta de risco, porém a maior parte dos eventos adversos são restritos ao local de aplicação do imunobiológico e os eventos graves, como anafilaxia, são raros. Os benefícios oferecidos pela vacinação em massa, suplantam os riscos oferecidos.
Desta forma, não percamos oportunidades para imunização por falsas contraindicações. Vacinação é para todas as faixas etárias e não apenas para crianças.