O Departamento Científico de Saúde Escolar alerta para os riscos do calor e das altas temperaturas e orienta sobre cuidados em casa e na escola.
As alterações climáticas contribuem para as temperaturas mais intensas, sendo necessárias medidas para prevenir complicações relacionadas ao calor. O sol e o calor também podem piorar a poluição atmosférica, por isso é aconselhável estar ciente dessas condições.
A regulação da temperatura depende de uma combinação de fatores fisiológicos e ambientais, assim como a tolerância ao calor depende em grande parte de adaptação aos fatores fisiológicos.
Os principais meios de dissipação de calor pelo corpo são a radiação do calor em repouso e a evaporação do suor durante o exercício, sendo que ambos se tornam mínimos quando a temperatura do ar está acima de 35°C (95°F) e a umidade ambiental alterada.
As altas temperaturas e o calor extremo favorecem as crianças a adoecerem muito rapidamente e de várias maneiras. Podem causar desidratação, exaustão pelo calor, cãibras e insolação. O calor elevado também causa ressecamento da pele, desconforto nos olhos, boca e nariz e deixa todos mais irritados.
A desidratação consiste na perda de água pelo organismo e pode ser causada pelo calor, o excesso de exposição ao sol, vômitos, diarreia, baixa ingesta de líquidos ou mesmo pelo suor. As crianças são mais vulneráveis à desidratação porque a porcentagem de água em seu corpo é maior do que nos adultos.
A insolação pode levar a alta temperatura corporal (maior que 39,5ºC), pele quente, vermelha, seca ou úmida, dor de cabeça, pulso rápido, tontura, náusea, sonolência.
Algumas orientações são importantes nos dias muito quentes:
- Evite exposição ao sol, brincar e praticar atividade física ao ar livre entre 10 e 16 horas. A prática deexercícios leves somente em locais cobertos ou à sombra no pátio, sendo importante o bom senso da atividade para preservar a saúde das crianças. Hidratar antes, durante e depois da atividade.
- Mantenha-se hidratado: altas temperaturas podem ocasionar desidratação. Por isso, se não houver hidratação adequada, surgem sintomas como tonturas, desmaios, cansaço, palpitações, mal-estar, diminuição do volume urinário. Incentive as crianças a beber água com frequência e a tê-la à mão, mesmo antes de pedirem. Levar sempre garrafas de água ao sair.
- Tenha sempre água filtrada e de preferencia refrigerada, de fácil acesso nas escolas, também nas salas de aula. Não espere a criança sentir sede e pedir água, pois esta é muitas vezes um sinal de que está pouco hidratada. Oferecer água regularmente às crianças.
- Para manter o bem-estar de todos, as salas de aulas, incluindo os berçários e maternais, deverão estar com temperatura confortável. Equipadas com ar condicionado ou ventiladores. Um ambiente mais fresco ajuda a evitar o superaquecimento do corpo.
- O uso do protetor solar é mandatório! A exposição prolongada ao sol sem proteção pode resultar em queimaduras, envelhecimento precoce e aumentar o risco de câncer de pele. Por isso, escolha um protetor solar que ofereça proteção contra os raios UVA e UVB. Certifique-se de que o Fator de Proteção Solar seja de no mínimo 30, para garantir eficácia. Reaplique-o a cada duas horas, ou com mais frequência, se a criança estiver na água ou suando.
- A alimentação requer atenção especial. Escolha refeições leves, como saladas, frutas frescas, legumes, e proteínas magras. Evite alimentos pesados e gordurosos, que tornem a digestão mais difícil. Tentar preparar os alimentos o mais próximo possível do horário de consumo.
- Use roupas leves: Roupas de cores claras podem ajudar as crianças a se manterem mais frescas e evitar danos causados pela absorção excessiva de calor.
Escolha também roupas largas – de preferência que ofereçam ventilação adequada do corpo e proteção contra a exposição direta ao sol. Roupas feitas com apenas uma camada de material absorvente podem ajudar a maximizar a evaporação do suor, o que tem um efeito refrescante (as crianças têm taxas de suor mais baixas que os adultos). Há tecidos que contêm substâncias fotoprotetoras.
Nas atividades em locais abertos, o uso de chapéu de abas largas, boné e óculos de sol com proteção UV também é muito recomendado para proteger o rosto e os olhos.
Evite que crianças andem descalças em superfícies quentes, como pisos, areia ou asfalto quente. Usar sapatos apropriados para proteger os pés sensíveis das queimaduras pelo sol ou por contato com superfícies quentes.
Não hiperaqueça os bebês. Use pouca roupa e leve.
É comum, nesse período, bebês e crianças pequenas apresentarem erupção cutânea, conhecida como brotoeja ou miliária, no pescoço, cotovelos, axilas ou coxas – embora possa ocorrer em outras áreas cobertas.
- Mantenha-se refrescado – Quando a criança estiver com calor, dê-lhe um banho mais frio ou um jato de água para esfriar. A nataçãoé uma ótima opção de refrescar enquanto se mantém ativo. Lembre-se de que as crianças devem ser sempre supervisionadas enquanto nadam ou brincam na água, para evitar afogamentos.
- NO CARRO: Nunca deixe a criança sozinha: o interior do carro fechado e desligado pode ficar muito quente em pouco tempo, mesmo com as janelas abertas.
- Crianças e adolescentes com doenças crônicas necessitam de uma maior vigilância. Como exemplo, na Doença Falciforme (DF), cujas crianças não toleram variação extrema de temperatura, podendo agudizar a doença.
Coloque-o em ambiente com temperatura agradável, evitando o assento em locais diretamente na frente do ventilador ou das aberturas do fluxo do ar condicionado.
Manter o aluno bem hidratado. Acesso ilimitado e a ingestão frequente à água durante todo o dia é essencial.
Permitir idas frequentes ao banheiro quando for solicitado. Crianças com DF produzem grandes quantidades de urina diluída, mesmo quando estão pouco hidratados.
Algumas crianças podem estar com anemia, com isso o cansaço pode ficar mais exacerbado, sentindo necessidade de dormir. Atenção às atividades físicas, inclusive o uso frequentes das escadas durante o dia.
Em todas as crianças, fique atento aos sinais e sintomas de complicações consequentes pelo calor:
- Pele seca, olhos secos, boca seca, sede intensa, diminuição do volume de urina ou de cor escura – (lembre-se que a urina deve ser amarela muito clara), febre, sentindo-se fraco, cansaço extremo (sonolência incomum ou dificuldade de despertar), dor de cabeça, cãibras, náusea, vômito.
Ao perceber alguns desses sintomas, é importante procurar seu pediatra ou uma unidade de saúde para orientação.
Suely Kirzner
Secretária do Departamento Científico de Saúde Escolar – SOPERJ