Palivizumabe. O que é e para quem é?
Sabemos que com a chegada das estações do outono e do inverno o número de infecções respiratórias tende a aumentar entre pacientes pediátricos. O vírus sincicial respiratório (VSR) é o principal agente etiológico entre as crianças com idade inferior a 2 anos, sendo responsável por aproximadamente 75% dos casos de bronquilites.
A maioria das crianças serão infectadas pelo VSR durante o primeiro ano de vida, podendo ocorrer várias reinfecções nos anos seguintes. A bronquiolite pode ser potencialmente grave em pacientes menores de seis meses de idade, nos prematuros e nos pacientes portadores de cardiopatia, entre estes a necessidade de internação em UTI pode chegar a 17% dos casos.
O principal meio de transmissão do VSR é o contado direto com secreções respiratórias contaminadas, mas também pode ser transmitido por contato com objetos contaminados. No estetoscópio, o VSR pode permanecer por até 24 horas.
É fundamental que durante o período de sazonalidade, medidas gerais sejam reforçadas tais como, a lavagem frequente das mãos, o uso de álcool gel e a higienização do estetoscópio, além disso, os familiares devem ser orientados a evitar ambientes aglomerados e fechados e o contato de pessoas com sintomas respiratórios. Ainda não há vacina disponível ne prevenção da infecção pelo VSR.
O que é o palivizumave?
Para as crianças com risco elevado de desenvolver complicações pela infecção do VSR está disponível a imunização passiva, com a aplicação do palivizumabe, anticorpo monoclonal, cuja principal função é neutralizar e inibir a fusão do VSR no epitélio respiratório da criança. A sua meia-vida é de 20 dias, assim, doses mensais devem ser aplicadas, a primeira deverá ser administrada um mês antes do início do período de sazonalidade do VSR, que na região sudeste encontra-se entre os meses de março a julho, totalizando cinco doses mensais.
Quais os pacientes devem receber o palivizumabe?
Desde 2013, o Ministério da Saúde (MS) disponibiliza o palivizumabe para aqueles pacientes que preenchem critérios de risco:
- Crianças prematuras nascidas com idade gestacional menor ou igual a 28 semanas (até 28 semanas e 6 dias), com idade inferior a 1 ano (até 11meses e 29 dias);
- Crianças com idade inferior a 2 anos (até 1 ano 11meses e 29 dias), com cardiopatia congênita, e que permaneçam com repercussão hemodinâmica, com uso de medicamentos específicos;
- Crianças com idade inferior a 2 anos (até 1 ano 11meses e 29 dias) com doença pulmonar crônica da prematuridade (displasia pulmonar) e que continuem necessitando de tratamento de suporte, tais como o uso de corticoide, diurético, broncodilatador ou suplemento de oxigênio, durante os seis últimos meses anteriores ao cadastramento.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), recomenda que bebês prematuros nascidos entre 29 e 31 semanas e 6 dias de idade gestacional, também sejam contemplados com o uso do palivizumabe, pois diversas evidências que demonstram que este é também um grupo vulnerável para desenvolver formas graves da infecção, especialmente nos primeiros 6 meses de vida.
Como realizar a solicitação do palivizumabe?
O palivizumabe está disponível através do SUS para aqueles pacientes que preenchem os critérios de risco do MS descritos acima. No estado do Rio de Janeiro, é realizado mediante cadastro prévio da criança, de acordo com os critérios de inclusão previstos na Nota Técnica Estadual de Profilaxia Contra o VSR 2016.
Desde janeiro de 2018 a profilaxia com palivizumabe será incorporada na Terminologia Unificada da Saúde Suplementar (TUSS), tabela que reúne os procedimentos e eventos custeados pelas operadoras de planos de saúde no Brasil. A inclusão da terapia imunoprofilática com palivizumabe para a prevenção do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) atende ao pleito da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que, por intermédio da Associação Médica Brasileira (AMB), avançou com a proposta junto à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
É fundamental que os pediatras estejam atentos aos critérios de inclusão para o uso do palivizumabe, assim este grupo de pacientes receberá a imunoprofilaxia passiva contra o VSR, reduzindo o risco de complicação e a necessidade de internação entre os mesmos.
Referências:
Kfouri RA, Sadeck LSR. Diretrizes para o manejo da infecção causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), 2017. Departamentos Científicos de Cardiologia, Imunizações, Infectologia, Neonatologia e Pneumologia
http://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/apos-pleito-da-sbp-ans-incorporara-profilaxia-com-palivizumabe-para-prevencao-do-vsr/. Acesso em 29/03/2018.
https://www.saude.rj.gov.br/medicamentos/comunicados/2018/03/programa-estadual-de-profilaxia-contra-o-vsr-2018. Acesso em 02/04/2018.
Nota Técnica Estadual 2016 Programa De Profilaxia Contra O Vírus Sincicial Respiratório (VSR).