Vacina Covid19: Presidente da SOPERJ é Voluntária

Presidente da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio (SOPERJ), a médica Katia Telles Nogueira é pesquisadora por formação, sua tese de doutorado foi em epidemiologia. E foi exatamente por sua dedicação à pesquisa que a pediatra decidiu se apresentar como voluntária para participar do Estudo Controlado Randomizado de fase III para determinar a segurança, eficácia e imunogenicidade da vacina ChAd0x1 nCOV-19 não replicante. Desenvolvido pela Universidade Oxford, Reino Unido, e pelo laboratório AstraZeneca, o estudo é o que está em estágio mais avançado e visto com bons olhos pela comunidade científica.

Na entrevista abaixo, a presidente da SOPERJ relata como foi o passo a passo do processo até tomar a vacina. Como médica, ela se diz muito orgulhosa em poder contribuir de alguma forma com um estudo que poderá resultar na comprovação de uma vacina eficaz contra a Covid-19, doença que já provocou a morte de mais de 838 mil pessoas no mundo.

Por que decidiu participar do processo de testes?

 Assim que foi veiculada a informação de que seriam feitos testes em voluntários brasileiros, eu me interessei e decidi que iria me candidatar. No entanto, num primeiro momento não pude me voluntariar porque os testes seriam feitos na faixa etária até 49 anos. Quando ampliaram os testes para pessoas de até 59 anos não tive dúvidas. Minha iniciativa foi movida por questões de ordem pessoal e profissional. Como cidadã, me senti na obrigação de participar de um estudo tão relevante para a humanidade. Pelo lado profissional, pesou o fato de eu ser pesquisadora. Minha tese de doutorado é em epidemiologia. Assim que saiu o estudo sobre a vacina senti uma vontade inabalável de ajudar e participar.

Como foi todo o processo até tomar a vacina?

Foi um processo rápido, resolvido em apenas uma semana. Fiz minha inscrição na plataforma responsável pela pesquisa e, em poucos dias, fizeram contato telefônico. Logo depois recebi por e-mail o Termo de Consentimento com todas as informações referentes ao acordo para ser voluntária.

Precisou seguir algum cuidado em especial?

Foi tudo muito tranquilo. No dia do teste foi preciso preencher um termo de consentimento livre, onde é esclarecido todos os detalhes, como em qualquer trabalho científico que envolva humanos.

Como se sentiu? Algum efeito colateral?

Não tive efeitos colaterais. O que senti foi muito orgulho de participar de todo esse processo.

Pode explicar como funciona o teste, já que somente uma parte dos voluntários receberá de fato a vacina da covid-19?

 Todos os participantes são vacinados. Porém, o estudo é duplo cego, ou seja, nem os voluntários nem os aplicadores sabem se a vacina que está sendo aplicada é a da Covid-19 ou a ACWY, vacina contra a meningite. Ao final do estudo, se for comprovada a eficácia da vacina da covid-19, aqueles que receberam a ACWY terão prioridade para tomar a contra a covid-19.

É preciso seguir algum protocolo de acompanhamento nas semanas seguintes à vacinação? 

 Sim. Somos orientados a comunicar sobre qualquer efeito colateral nas primeiras 72 horas. Após um mês precisamos retornar para a segunda dose e coleta de sorologia.

Qual o seu sentimento ao saber que participou de um processo tão importante como o que envolve a vacina contra a Covid-19?

 Uma vez que não estou na linha de frente da pesquisa, me sinto muito orgulhosa de poder contribuir de alguma forma no processo que nos levará a uma vacina segura e que salvará milhões de vida em todo mundo.

Qual a sua expectativa em relação à eficácia dessa vacina?

O patrocinador desse estudo é a Universidade de Oxford, em parceria com diversas empresas. No Brasil, a parceria envolve o Instituto D’or, que pertence a Rede D’Or de hospitais. Eu realmente torço para que se consiga comprovar a sua eficácia.

Como presidente da SOPERJ, qual a sua mensagem para as pessoas que também participaram como voluntárias?  

Estamos participando de um momento histórico para a medicina contemporânea. Nós vamos poder dizer para as futuras gerações que de alguma forma pudemos contribuir para encontrar uma vacina para todos.

Dra. Katia Telles Nogueira
Presidente da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro
Triênio 2019-2021