SOPERJ realiza evento que marca início da Semana de Prevenção da Gravidez na Adolescência

A Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro, SOPERJ, em parceria com o Conselho Regional de Medicina, CREMERJ, e com o apoio da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia da Infância e Adolescência, promoveu, na última sexta-feira, dia 1º de fevereiro, o seminário "A prevenção da gravidez na adolescência em visão ampliada". Realizado no auditório da CREMERJ, em Botafogo, o evento faz parte da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, instituída pela Lei n° 13.798. Dados da Organização Mundial de Saúde dão conta de que, em cada cinco meninas, uma fica grávida antes dos 18 anos. 

 

A presidente da SOPERJ, Dra Kátia Nogueira Telles, ressaltou, abertura do evento, a importância de se instituir uma semana em que haja reflexão por parte de toda a sociedade. "É preciso fazer um alerta para todos, não só para os profissionais da área de saúde, mas também para toda a população que precisa estar engajada nessa questão", afirmou.

 

Segundo a presidente, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) pediu para que fosse feito contato com as sociedades de cada região, e com os conselhos, para a realização de um trabalho em conjunto. "A SBP entende que não é só uma questão do pediatra, tem também o ginecologista, o clínico e a saúde da família. Porque a adolescente tem a informação, e então, o que está faltando?", questionou a Dra Kátia Nogueira, para, em seguida, completar: "É uma falha do serviço de saúde, da equipe médica? Onde está a falha?", questionou.

 

Coordenadora do seminário e presidente do Comitê de Adolescência da SOPERJ, Dra Raquel Niskier afirmou que a gravidez na adolescência é um assunto complexo, que precisa ser aprofundado e que tem de ser visto não só com qualidade técnica, mas muita delicadeza. "A começar pelo acolhimento dessas meninas, até o encaminhamento, até o parto e o puerpério. Esse evento é para tentar, pelo menos, dar início ao aprofundamento dessa questão. E por isso que estamos aqui", afirmou a pediatra.

 

Dentro do tema e não menos importante, a segunda gravidez, foi assunto também em pauta. Para a vice presidente do CREMERJ, Dra Celia Regina da Silva, os altos índices de gravidez na adolescência são uma grande preocupação, apesar de ter sido registrada uma leve diminuição desse percentual. A médica falou sobre a segunda gravidez. "Estamos vendo aumentar o índice de segunda gravidez na adolescência. E isso é muito preocupante. E sabemos que uma em cada cinco mulheres irá engravidar na adolescência. E isso pode ter comprometimentos ao longo da vida dessa mulher. Influencia em vários aspectos. É preciso que haja uma reflexão em relação as nossas intervenções em nível municipal, estadual e federal. Essa lei marca um momento em nosso país de maior atenção no período que é uma de reflexão e ações a respeito dessa prevenção", afirmou a Dra Celia. 

 

A presidente da SOPERJ, Dra Kátia Nogueira, também falou sobre a segunda gravidez. "Entendo que é uma falha nossa. Porque se é uma gravidez não desejada, o que faltou? Acesso à prevenção, à informação? Por que essa menina teve a segunda gravidez, se a primeira já foi indesejada? A gente tem que acolher essas meninas. É uma questão de auto estima. Elas tem a informação. Então o que falta é dizer não quando há relação sem proteção. Será que elas pensam que engravidar significa perpetuar a vida? Então o que todo mundo está pensando que é uma coisa ruim, para a menina, isso é uma coisa boa, porque está perpetuando a vida. Então temos várias coisas envolvidas nesse ato. A semana de prevenção é um alerta para todos. Não vamos fazer disso um tabu. Temos que falar sobre isso", disse a presidente. 

 

Durante o seminário a Dra Denise Monteiro falou sobre nascidos vivos de gestantes menores de 14 anos no Brasil. Um dos assuntos ressaltados na palestra foi o acompanhamento para pacientes jovens que serão mães. "A grávida adolescente deve ser acolhida com políticas corretas, pré-natal de qualidade, comprometimento, cuidado e competência", pontuou. A médica também destacou alguns fatores que acabam ocasionando a gravidez na adolescência: questões culturais, baixa escolaridade e a falta de acesso aos métodos contraceptivos e às informações sobre o assunto.

 

Também palestraram a Dra Flavia Barcelos, que falou sobre a atuação do pediatra na prevenção da gravidez em adolescentes, e o Dr Roberto Santoro, que falou sobre o que a equipe de saúde pode fazer com relação aos aspectos psicológicos e socioculturais da gravidez na adolescência.