Autor:Geórgia Chalfoun
Teses e Dissertações
Orientadora: Profa. Rosane Mello.
Mestrado em Ciências do Curso de Pós-graduação em Saúde da
Mulher e da Criança do Instituto Fernandes Figueira / FIOCRUZ
Resumo
Embora vários estudos de fisiologia sugiram que a musculatura lisa da via aérea está suficientemente desenvolvida no recém-nascido, promovendo mudanças no calibre da mesma, algumas questões ainda precisam ser esclarecidas.
Objetivo: Avaliar o efeito do salbutamol inalatório na função pulmonar de prematuros próximo à alta hospitalar.
Métodos: Um grupo de prematuros (<1500g e com idade gestacional <34 semanas) foi estudado próximo à alta hospitalar, no período de agosto de 2005 a setembro de 2006. Bebês com malformação congênita e hemorragia intracraniana (graus III e IV) não foram incluídos.
Comparamos os efeitos do salbutamol e do placebo em um estudo duplo-cego, randomizado, crossover. Cada paciente recebeu a seqüência salbutamol-placebo ou placebo-salbutamol, em um intervalo de 6 a 24 horas. A mecânica pulmonar foi medida antes e 30 minutos após a adminstração das substâncias. Todos os bebês no momento do estudo estavam em sono tranqüilo, sem sedação e respirando ar ambiente. Medimos fluxo da via aérea com uma máscara facial acoplada ao pneumotacógrafo e a pressão transpulmonar foi medida através de um cateter preenchido por água posicionado no terço distal do esôfago. (Validyne DP-45). Todos os dados foram armazenados no computador para posterior análise. Utilizamos a técnica de regressão para o cálculo da complacência e resistência pulmonares. A freqüência cardíaca e saturação de oxigênio também foram analisadas. A análise estatística foi feita através do teste t de pareado. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do hospital.
Resultados: Foram estudados 42 prematuros (peso de nascimento 1087g ± 229g e idade gestacional de 29,2 ± 2,4 semanas). A displasia broncopulmonar foi identificada em 15 bebês (35,7%) e 29 (69%) tinham aumento na resistência pulmonar. Após a inalação de salbutamol, encontramos um aumento significativo na freqüência cardíaca (p<0,001), volume corrente e complacência pulmonar corrigidos pelo peso (p<0,01). A resistência pulmonar média diminuiu significativamente de 75,5 ± 30 cmH2O/l/s para 55,3 ± 19,2 cmH2O/l/s. De toda a população estudada, 13 recém-nascidos pré-termo não tinham diagnóstico de displasia broncopulmonar nem resistência pulmonar alterada, mas também apresentaram melhora nos valores de resistência pulmonar após administração de salbutamol.
No entanto, a resposta broncodilatadora foi mais evidente naqueles bebês com resistência pulmonar elevada.
Conclusões: Prematuros próximo à alta hospitalar, mesmo aqueles sem doença pulmonar prévia, são capazes de relaxar a musculatura brônquica com a administração de salbutamol inalatório.
Palavras-chave: prematuros, resposta da via aérea, salbutamol, resistência pulmonar
Fonte:Revista de Pediatria SOPERJ – Ano 8 – nº 2 – Outubro de 2007