Tuberculose na infância e adolescência: atualizações do diagnóstico ao tratamento

Introdução:

O diagnóstico da tuberculose na infância permanece baseado no Sistema de pontuação para diagnóstico do Ministério da Saúde, uma vez que há dificuldade no isoladamente do M. tuberculosis, nessa faixa etária, pela característica paucibacilar.1,2 O teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB), que é um método baseado em PCR em tempo real, capaz de detectar a presença do DNA do bacilo, assim como a resistência à rifampicina, foi implantado em 2014, em substituição à baciloscopia direta, para o diagnóstico da tuberculose.1 Em 2019, o cartucho do TRM-TB foi substituído pelo denominado “Ultra”, que traz uma maior capacidade de detecção do M. tuberculosis, pois acrescenta a categoria “traços”, que é capaz de identificar vestígios do bacilo. Nesse contexto, sua aplicabilidade nos casos pediátricos ganha destaque, e a presença de “traços” nas formas pulmonares, nos menores de 10 anos, indica tuberculose doença, assim como nas formas extrapulmonares, em qualquer idade.3

Outra barreira, no âmbito do tratamento da tuberculose, que afeta as crianças, é a adesão ao tratamento, uma vez que os fármacos, até 2020 era disponibilizados sob forma de solução oral combinada à comprimidos. A partir de então, a chegada das doses fixas combinadas dispersíveis, para menores de 25 kg, foi algo inovador, com grande expectativa na melhora da adesão.4

Não só a adesão ao tratamento da TB doença, a terapia para TB latente, também é algo preocupante, uma vez que o paciente assintomático deve manter o tratamento por 4 a 6 meses, a depender da faixa etária. Em 2021, a associação da rifapentina com isoniazida, em dose única semanal, por 12 semanas, nos pacientes maiores de 2 anos de idade, foi algo promissor, visando melhor adesão no combate das formas latentes da doença.5

Por fim, ainda em 2021, chega ao fim do uso de medicamento injetável, no tratamento da TB multidrogaresistente, nos pacientes acima de 6 anos. A introdução da bedaquilina no esquema, associada à linezonida, levofloxacina e terizodona, permitiu a suspensão da amicacina na fase intensiva. O duração do tratamento foi mantida.6

As fontes recomendadas para leitura estão nos links a seguir.

Fontes:

Manual TB 2019:

  1. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil. Brasília, DF: MS; 2019.

Aspectos da TB na infância:

  1. Carvalho ACC, Cardoso CAA, Martire TM, Migliori GB, Sant’Anna CC. Epidemiological aspects, clinical manifestations, and prevention of pediatric tuberculosis from the perspective of the end TB strategy. J Bras Pneumol. 2018; 44(2):134–44.

Recomendações para o uso do Xpert Ultra:

  1. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis.Coordenação-Geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas. OFÍCIO CIRCULAR Nº 7/2019/CGDR/.DCCI/SVS/MS.

Recomendações sobre uso de fármacos dispersíveis para TB:

  1. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis.Coordenação-Geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas. OFÍCIO CIRCULAR Nº 3/2020/CGDR/.DCCI/SVS/MS. Disponível em: http://www.saude.pi.gov.br/uploads/warning_document/file/615/SEI_MS_-_0013878929_-_Of%C3%ADcio-Circular_03-2020__2_.pdf; acesso em 18 jan 2022.

Novas recomendações sobre tratamento da ILTB:

  1. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis.Coordenação-Geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas. NOTA INFORMATIVA Nº 5/2021-CGDR/.DCCI/SVS/MS. Disponível em: https://www.saude.go.gov.br/files/sistemas/silt/NOTA-INFORMATIVA-N-5-RIFAPENTINA.pdf; acesso em 28 jan 2022.

Novas recomendações para tratamento da TB droga-resistente:

  1. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis.Coordenação-Geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas . NOTA INFORMATIVA Nº 9/2021-CGDR/.DCCI/SVS/MS. Disponível em: http://www.aids.gov.br/sites/default/files/legislacao/2021/notas_informativas/nota_informativa_no_9-2021-cgdr.pdf; acesso em 28 jan 2022.