Vacina Contra o Rotavirus: um Tema a Ser Discutido

A diarréia aguda é uma das principais causas de adoecimento durante a infância, principalmente em crianças até os cinco anos de idade. Segundo Marcos Lago, presidente do Comitê de Infectologia, ela tem distribuição universal, acomete pessoas de todas as classes socieconômicas e podendo ser desencadeada principalmente por agentes infecciosos, toxinas e erro alimentar.
Apesar de sua distribuição universal e epidemiologia aparentemente “democrática” existem diferenças importantes quando observamos a diarréia aguda em populações distintas ou segmentos diferentes de uma mesma população. Marcos Lago explica que as diarréias provocadas por vírus (principalmente pelo rotavirus) são isoladamente as que ocorrem com maior freqüência em todos os segmentos socieconômicos. “Já as diarréias desencadeadas por protozoários, bactérias, toxinas bacterianas e erro alimentar ocorrerão proporcionalmente com maior freqüência entre crianças que vivem em condições de saneamentos e higiene precários”, ressalta. Existem ainda diferenças importantes com relação aos efeitos produzidos por esta enfermidade. Lago explica que em populações desenvolvidas, com um sistema de saúde eficaz a mortalidade é próxima de zero. Um aumento na mortalidade e eventuais seqüelas em geral estão diretamente relacionados a uma falha em uma das ações básicas de saúde que é a terapia de reidratação oral (TRO). Ele diz que podem contribuir ainda para uma evolução desfavorável das diarréias as más condições vida e falhas no sistema de saúde.
“Não existe atualmente no Brasil vacina única contra a diarréia aguda. Algumas vacinas têm sido desenvolvidas contra agentes específicos. No momento duas vacinas contra o rotavirus, que utilizam diferentes tecnologias , estão em fase de aprovação para uso em diversos países”, esclarece.
O presidente do Comitê de Infectologia acredita que as vacinas são promissoras e que poderão em um futuro próximo auxiliar os nossos sistemas de saúde no combate a uma das principais causas de diarréia aguda em crianças. Diante desta nova perspectiva, é preciso que algumas estratégias para a introdução destas vacinas no Brasil sejam observadas. “Qual será a sua eficácia e o real impacto no Brasil onde populações de diferentes níveis socieconômicos convivem lado a lado? Que precauções devem ser tomadas para monitorar eventuais efeitos colaterais que poderão ocorrer em uma utilização universal da vacina onde mais de um milhão de doses poderão ser aplicadas? Em que populações a vacina deveria ser aplicada prioritariamente? Quais seriam as prioridades em termos de imunização?”, são perguntas que ele fez. Existem vacinas já aprovadas como a da varicela (catapora), hepatite A, pneumococo 7 valente e meningococo C conjugada, recomendadas pela sociedade brasileira de pediatria, e ainda fora do calendário oficial de imunização. É necessário ainda que os estudos de eficácia das vacinas para o rotavirus, sejam publicados em revistas médicas. “Uma nova vacina como esta poderá trazer grandes benefícios. Sua implantação deve ser realizada dentro de uma estratégia única de ações para a diarréia aguda durante a infância e prevenção de doenças através de imunizações”, finaliza o pediatra.
A diretoria da SOPERJ cumprimenta nossa presidente, Dra. Marilene Crispino Santos, pela brilhante defesa de tese de Doutorado em Pesquisa Clínica pela UFRJ,no último dia 6 de dezembro