O Melhor Amigo

Com a chegada do outono-inverno começa o período de maior freqüência das doenças respiratórias e alérgicas, como rinite e asma.
Segundo a pediatra Kátia Telles Nogueira, membro do Comitê de Adolescentes da SOPERJ, a asma é uma das principais doenças da infância, sendo certamente a principal doença respiratória crônica da criança e do adolescente.
“Esta importância, tanto para o paciente como para a coletividade, decorre do fato de ser afecção potencialmente grave, cuja prevalência tem aparentemente aumentado em todo o mundo, com participação crescente na mortalidade”, explica.
Por isso, o pediatra deve estar atento a todos os possíveis fatores que podem provocar as crises das alergias respiratórias. Kátia diz que faz parte do tratamento uma visão global de prevenção e não apenas agir nos momentos de crise.
Segundo ela, o primeiro passo dessa ação é o controle ambiental e uma pergunta que sempre vem à tona nessa época é sobre os animais domésticos. “É consenso que a presença de animais domésticos é um fator desencadeante das doenças alérgicas.
Recentemente, em um estudo multicêntrico de prevalência da asma realizado no Brasil – o protocolo ISAAC (International Study of Asthma and Allergies in Childhood) -, observou-se uma associação positiva entre a prevalência de asma em escolares de 13 a 14 anos e a presença de animais domésticos com pêlos.
Nos cães (Canis familiaris), o alérgeno mais comum, o Can f 1, é encontrado na saliva, pêlos e descamações cutâneas, não ocorrendo na urina ou nas fezes.
Não existe relação entre alergia e o tamanho da pelagem do animal. O gato é um dos principais vilões no controle da alergia – o antígeno Fel d 1, encontrado principalmente na saliva, pode circular por toda a casa já que o animal tem por hábito lamber seu próprio pêlo .
Pode ocorrer reação cruzada entre alérgenos do cão e do gato”, diz a pediatra da SOPERJ.
Em outros animais, como porquinhos-daíndia, ratos, camundongos, coelhos etc., a fonte principal de alérgenos é a urina, ocorrendo também na saliva e pêlos.
Kátia Nogueira revela que, nesses casos, a gaiola é mais importante do que o próprio animal na disseminação do alérgeno no ambiente.
Como os roedores apresentam proteinúria permanente, as proteínas alergênicas dispersas na urina disseminam-se no ar ambiente à medida que a urina se evapora. “É dever do pediatra alertar que o ideal é que seu paciente alérgico não adquira um animal de estimação de pêlo”, ressalta a médica.
Mas se a casa já possui um animal, recomenda-se a retirada do mesmo, explicando à família, criança ou adolescente que esta é a única medida eficaz, o que mesmo assim pode demorar meses para que todos os alérgenos desapareçam, já que eles também ficam aderidos às roupas, tapetes, cortinas e sofás da casa.
“Algumas medidas alternativas à retirada do animal podem colaborar, tais como restrição da área de circulação, manutenção do animal limpo, banhos devem seguir a orientação do veterinário e por fim remoção de tapetes e carpetes”, comenta Muitas vezes a criança ou o adolescente tem uma relação de afeto muito forte com o seu cão ou gato.
O animal é um elo de ligação entre os familiares e um fator de disciplina e responsabilidade, principalmente para os adolescentes.
“Cabe ao pediatra não impor simplesmente a retirada do animal, mas avaliar o risco e benefício da permanência do mesmo, promover o esclarecimento do caráter crônico da doença e da importância que o controle ambiental adequado proporcionará”, finaliza a pediatra do Comitê de Adolescentes da SOPERJ.
Errata – No Boletim passado foi divulgado o calendario vacinal do Ministerio da Saude de 2003. O calendario atualizado sera publicado oportunamente.