Você fala ‘gen’ ou ‘gene’, ‘cromossoma’ ou ‘cromossomo’? Parece que as pessoas mais “experientes” ainda falam ‘gen’ e ‘cromossoma’, mas o Houaiss definiu que é mais corretofalar e escrever ‘gene’ e ‘cromossomo’. A Genética é provavelmente a área da Medicina que mais nos fascina ou atormenta, dependendo do ponto de vista, com palavras incomuns, p. ex.,‘haplótipo’, ‘éxon/íntron’ e‘heterozigosidade’, denominações cada vez mais complexas para exames idem e um número sempre crescente de possibilidades diagnósticas.
O termo ‘cromossomo’ foi criado no fim do século XIX, e ‘gene’ em 1911 a partir da palavra alemã Gen. Mas, com a descoberta da estrutura dos genes e cromossomos na década de 1950, os inúmeros avanços exigiram novos termos, na verdade uma língua nova para mapear a expansão da ciência. Assim, ‘códon’ foi criada em 1962 a partir da junção de code + on, íntron a partir de intragenic + on e éxon, ex + on.
No contexto do genetiquês criado nas últimas décadas, o comentário de George Beadle, ganhador do Nobel de Medicina de 1958, chegou a ser irônico: “A descoberta do código do DNA nos deu a posse de uma língua bem mais antiga que os hieróglifos, tão antiga quanto a própria vida, a língua mais viva de todas — ainda que suas letras sejam invisíveis e suas palavras enterradas no fundo das células". De qualquer modo, vamos combinar que a dupla hélice do DNA constituída por nucleotídeos formados a partir de apenas quatro bases, “a língua mais antiga”, é de uma elegância incomparável.
Como traduzir crossing-over ou crossover, aquela etapa da meiose em que há permuta de material entre dois cromossomos homólogos? Em alguns lugares encontrei a tradução por ‘recombinação genética’, mas há controvérsias. Na prática, este é mais um anglicismo amplamente usado nos textos brasileiros.
Falando em termos difíceis, que tal zincfingerprotein? ‘Dedo de zinco’ é um termo engraçadinho para descrever estruturas proteicas contendo moléculas de zinco que estão presentes, por exemplo, em determinados fatores de transcrição. Diferentes proteínas podem compor um dedo de zinco, portanto uma boa tradução seria ‘proteína dos dedos de zinco’. Também já li a tradução ‘proteína zinco-digital’.Outro termo intrigante é lyonization, mas fácil de traduzir por ‘lionização’, a inativação de um dos dois alelos de um gene presente nos cromossomos X em meninas.
Moral da história: todo texto de Genética deveria ter um glossário. Como saber o que é restriction fragment length polymorphism, se não sabemos o que são restriction fragments?
Na modesta tentativa de simplificar a vida e as leituras, apresenta-se a seguir uma lista de termos em inglês com suas respectivas traduções. Além disso, gostaria de lhe oferecer a oportunidade de enviar sugestões de temas ou expressões que se devam abordar. Esta coluna está à disposição dos leitores.
Inglês |
Português |
Inglês |
Português |
Anlage |
Primórdio (no embrião) |
Motifs |
Motivos |
Anomalad |
Sequência (de malformações) |
Naked DNA |
DNA exposto |
CGG repeats |
Repetições de CGG |
Natal cleft |
Sulco glúteo |
Chromosome spread |
Metáfase cromossômica |
Prune belly syndrome |
Síndrome do abdome em ameixa seca |
Cleft palate |
Fenda palatina |
Restriction fragment length polymorphism |
Polimorfismos do tamanho de fragmentos de restrição |
DNA fingerprinting |
identificação de “impressões digitais” do DNA |
Rocker-bottonfeet |
Plantas em mata-borrão |
Double helix |
Dupla-hélice |
Simiancrease |
Glossário de GenéticaVocê fala “gen” ou “gene”, “cromossoma” ou “cromossomo”? Parece que as pessoas mais “experientes” ainda falam “gen” e “cromossoma”, mas o Houaiss definiu que é mais correto falar e escrever ‘gene’ e ‘cromossomo’. A Genética é provavelmente a área da Medicina que mais nos fascina ou atormenta, dependendo do ponto de vista, com palavras incomuns, p. ex., “haplótipo”, “éxon/íntron” e “heterozigosidade”, denominações cada vez mais complexas para exames idem e um número sempre crescente de possibilidades diagnósticas. No contexto do genetiquês criado nas últimas décadas, o comentário de George Beadle, ganhador do Nobel de Medicina de 1958, chegou a ser irônico: A descoberta do código do DNA nos deu a posse de uma língua bem mais antiga que os hieróglifos, tão antiga quanto a própria vida, a língua mais viva de todas – ainda que suas letras sejam invisíveis e suas palavras enterradas no fundo das células”. De qualquer modo, vamos combinar que a dupla hélice do DNA constituída por nucleotídeos formados a partir de apenas quatro bases, “a língua mais antiga”, é de uma elegância incomparável.
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