1. ANÁLISE DOS MOTIVOS DA INTERRUPÇÃO DO ACOMPANHAMENTO DE CRIANÇAS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA: RESULTADOS PRELIMINARES

Autor:Tinoco, ZA., Gonçalves, H.S., Lanfredi, M.MA., Ferreira, A.L.

Ambulatório da Família – IPPMG /UFRJ – Rio de Janeiro
Introdução: Em levantamento recente, verificou-se que cerca de 40 % das famílias abandonava o acompanhamento no serviço estudado, levando a equipe a questionar os motivos que poderiam justificar tal atitude por parte dos familiares. Na literatura não foram encontrados estudos a respeito deste tema. Objetivos: conhecer os motivos para a interrupção do acompanhamento, visando estratégias para diminuir o índice geral de evasão. Metodologia: trata-se de um estudo descritivo, de cunho qualitativo. Foram convidados, entre novembro de 2002 e fevereiro de 2003, 135 responsáveis por pacientes que não compareciam ao serviço há pelo menos 6 meses. Destes, apenas 32 compareceram e responderam a um questionário que continha, dentre outros itens, uma pergunta aberta sobre o motivo do abandono do acompanhamento no serviço. As respostas a esta questão foram gravadas e posteriormente transcritas e analisadas por profissionais da equipe e por alunos do Programa de Iniciação Cientifica da UFRJ, treinados e sob supervisão. Resultados: os diversos motivos alegados para o abandono foram categorizados como se segue: de cunho social ou econômico (ex: dificuldades financeiras de acesso aos serviços); relacionados ao processo de atendimento (ex: falta de esclarecimento com relação às propostas do serviço); relacionados à avaliação da situação abusiva feita pelos responsáveis (ex: considerar que o caso não é grave o suficiente para justificar o acompanhamento); e dificuldades do cotidiano (ex: doenças nos familiares). Conclusões: dentre os vários motivos alegados, a maioria justifica tentativas de transformação do atendimento, seja através de ações internas, como o fortalecimento dos vínculos com as famílias e um esclarecimento dos propósitos do serviço; seja através de ações extra-institucionais, como a articulação com instituições que possam complementar a atenção prestada pelo serviço estudado, provendo suporte social. Causa estranheza o baixo número de entrevistados que vincula direta e explicitamente o abandono do serviço com a situação abusiva ou fatos relacionados a ela. A pesquisa ainda está em andamento e a equipe espera poder aprofundar o conhecimento sobre o tema, a fim de diminuir os índices atuais de evasão.

Fonte:Revista de Pediatria SOPERJ – Ano 4 – nº 1 – Janeiro a Junho de 2003