Educar sem bater, como orientar pais e cuidadores?

Contribuição do Comitê de Segurança  (13/05/2011)

Mario José Ventura Marques

Algumas vezes observamos em nossa prática profissional em consultórios públicos ou privados, pais e cuidadores de crianças e adolescentes utilizando métodos disciplinares que envolvem punição física e atitudes algumas vezes humilhantes. Muitas vezes, também, nós pediatras somos solicitados pelos pais a dar orientações sobre formas de educar as crianças. 

Apresentamos a seguir parte do material divulgado no site da Rede Não Bata, Eduque, que pode ser útil para a abordagem desta questão pelo profissional de saúde. Vale muito à pena uma visita ao site para obtenção de maiores informações sobre as propostas e iniciativas da Rede (www.naobataeduque.org.br).

DICAS  DE EDUCAÇÃO – REDE NÃO BATA EDUQUE

"O que fazer quando os conflitos familiares se convertem numa constante e explodem por qualquer motivo? Como assumir e expressar raiva, medo, frustração ou tristeza, sem ter a impressão de colocar em risco o amor e a confiança? Como formar e educar as crianças sem recorrer ao castigo físico?

Estratégias de educação positiva são aquelas formas educativas que não utilizam a violência física e psicológica e que promovem o desenvolvimento físico, emocional e social dos filhos de forma saudável e participativa.

Educar não é nada fácil. Depois de um dia inteiro de problemas, mães e pais chegam em casa e precisam cuidar dos filhos. E as crianças querem atenção, nem sempre obedecem logo, pedem tudo. É muita pressão.

Nessa hora a palmada ou um tapinha de leve parecem uma boa idéia. Sem que a criança entenda direito, os mesmos pais que dão comida e beijinho de boa noite, de vez em quando aparecem com o chinelo na mão. Para não apanhar, as crianças passam a preferir a distância e o silêncio. Mentem para evitar brigas, escondem seus erros. Aos poucos, quase nada se resolve sem gritos ou ameaças. E o resultado disso é que as crianças, ao invés de respeitar os pais, ficam com medo deles.

Muitos pais apelam para a violência porque é comum acreditar que é a melhor forma de manter a autoridade e de proteger os filhos. Antigamente se achava que castigos físicos e humilhantes faziam parte da educação. Hoje, se sabe que não é bem assim. Existem formas carinhosas de educar que dão resultado. Reunimos aqui algumas dicas de educação que você pode aliar a estratégias específicas de educação positiva, para garantir ao seu filho um desenvolvimento pacífico, feliz e livre de violência.

 

1. Se acalme. Respire fundo antes de chamar a atenção do(a) seu(ua) filho(a). Evite discutir os problemas sob o efeito da raiva, pois dizemos coisas inadequadas para a aprendizagem das crianças, que as magoam tanto quanto nos magoariam se fossem dirigidas a nós!


2. Sempre tente conversar com as crianças, mantendo abertos os canais de comunicação.

Entender porque algo está acontecendo ao conversar com a criança é o primeiro passo para juntos vocês encontrarem a solução!


3. Mostre à criança o comportamento mais adequado dando o seu próprio exemplo.

Beber suco diretamente da garrafa irá ensiná-lo que esse é um comportamento adequado. Assim como falar mal das pessoas depois de encontrá-las. Seu filho aprenderá muito mais com o seu exemplo do que com o que você diz a ele sobre o que é certo ou errado.

 Isso vale também para os pequenos atos de higiene do cotidiano: escovar os dentes, lavar as mãos antes de comer, etc. É mais fácil para a criança criar e manter essa rotina se você também a realiza.


4. Jamais recorra a tapas, insultos ou palavrões.

Como adultos não queremos ser tratados assim quando cometemos um erro… Então não devemos agir assim com nossos filhos! Devemos tratá-los da maneira respeitosa como esperamos ser tratados por nossos colegas, amigos ou pessoas da família, quando nos equivocamos. As crianças são seres humanos como nós!


5. Não deixe que a raiva ou o stress que acumulou por outras razões se manifestem nas discussões com seus filhos.

Seja justo e não espere que as crianças se responsabilizem por coisas que não lhes dizem respeito.


6. Converse sentado, somente com os envolvidos na discussão.

Isso contribui para uma melhor comunicação. Mantenha um tom de voz baixo e calmo, segure as mãos enquanto conversam – o contato físico afetuoso ajuda a gerar maior confiança entre pais e filhos e acalma as crianças.


7. Considere sempre as opiniões e idéias dos (as) seus (as) filhos(as).

Afinal muitas vezes suas explicações pelo ocorrido não são nem escutadas. Tome decisões junto com eles para resolver o problema, comprometendo-os com os resultados esperados. Se o acordo funcionar, dê parabéns. Se não funcionar, avaliem juntos o que aconteceu para melhorar da próxima vez.


8. Valorize e faça observações sobre os aspectos positivos do comportamento deles (as).

Elogios sobre bom comportamento nunca são demais! Cuidado para não atacar a integridade física ou emocional da criança fazendo com que ela sinta que jamais poderá atender suas expectativas!

Ela colocou a roupa suja no cesto de roupas? Elogie. Assim como o desenho que a criança fez, o fato dela ter conseguido colocar a calça sozinha, o fato dela contar uma história para você ou colocar algo no lugar que você pediu.


9. Busque expressar de forma clara quais são os comportamentos que não gosta e lhe aborrecem.

Explique o motivo de suas decisões e ajude-os a entend&ecir