A Educação Inclusiva e a Pediatria

Os primeiros trabalhos pedagógicos voltados para educação de indivíduos com necessidades especiais datam do final do século XVIII e, até o século XX, as propostas educacionais eram baseadas na segregação do indivíduo de acordo com sua deficiência. Foi somente na década de 90, com o Encontro Mundial de Educação Para Todos (Jontiem, 1990) e a Declaração de Salamanca (Espanha, 1994) que surgiram os primeiros movimentos com a proposta de que os serviços educativos especiais não podem desenvolver-se isoladamente, mas devem fazer parte de uma estratégia global de educação, bem como de outras políticas sociais e econômicas.
Essa política de Educação Inclusiva exige uma considerável reforma da escola comum. O impacto dessa reforma é mais visível no cotidiano da escola comum em relação ao atendimento educacional das crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais, especificamente as que possuem síndromes relacionadas ao retardo mental. As modificações necessárias ultrapassam as barreiras físicas, arquitetônicas e tecnológicas que encontramos no modelo de escola convencional e envolvem a subjetividade das barreiras individuais, seja dos professores, dos alunos e de suas famílias. Neste processo dinâmico é imprescindível o relacionamento entre os profissionais de saúde e a escola.
Para as crianças portadoras de síndromes, a escola é uma das atividades dentro de uma rotina que inclui a visita periódica a diversas especialidades médicas além do pediatra e o acompanhamento multidisciplinar. Por isso, para o atendimento educacional às síndromes na escola inclusiva é fundamental e desejável o intercâmbio entre os profissionais da saúde e da educação com diversos objetivos, entre eles o de garantir a promoção de saúde para as crianças com síndromes e suas famílias.
O ambiente escolar sempre foi relacionado ao conhecimento, ao saber, à inteligência. A integração de indivíduos com deficiência intelectual nesse ambiente exige mais do que uma adaptação de currículos – nos obriga a rever nossa maneira de construção do conhecimento.