Alerta Campanha de Vacinação contra a Poliomielite

Baixa adesão à vacinação mantém o Brasil em altíssimo risco para o retorno da doença. Estamos em campanha de vacinação contra a poliomielite desde 8 de agosto e cerca de 50% das crianças brasileiras foram vacinadas. Precisamos mudar esse cenário. Pediatra, oriente seu paciente de 1 a 4 anos a procurar uma unidade para ser vacinado com a dose extra da vacina pólio oral (VOP).

A OPAS, hoje, classifica o Brasil como um país de altíssimo risco para a doença. O Brasil não atinge nenhum critério de segurança para o controle da pólio, dentre eles, o de maior peso, que é a cobertura vacinal.

Hoje 34 países, que já haviam eliminado a poliomielite, vivem surtos, inclusive os EUA, graças à queda da cobertura vacinal. Alguns deles puderam identificar precocemente o caso, graças a vigilância de paralisia flácida aguda (PFA) e o monitoramento ambiental e, assim, agir de forma a conter o surto.

A Organização Mundial da Saúde recomenda que, até que os póliovírus sejam erradicados do planeta, além da vacinação de rotina, sejam realizadas campanhas de vacinação anuais com a indicação da aplicação de doses extras da vacina pólio oral (VOP) em crianças menores de 5 anos de idade.

Por que recomendar doses extras da VOP?

O objetivo da campanha é aumentar as coberturas vacinais e reforçar a proteção com a aplicação de doses extras da VOP entre crianças menores de 5 anos de idade, que estejam com o seu esquema básico de 3 doses da vacina poliomielite inativada (VIP).

A poliomielite, quer seja causada pelo vírus selvagem, pelo vírus derivado da vacina ou pelo vírus vacinal só ocorre entre pessoas não imunizadas.

Doses extras de VOP são seguras?

Sim. Para crianças que receberam pelo menos três doses da VIP. As três doses da VIP protegem do risco, ainda que baixíssimo, de pólio vacinal.

Desde que o Brasil adotou o esquema básico de 3 doses da VIP antes de qualquer dose de VOP, não se registrou mais casos de pólio vacinal. Portanto, o esquema vacinal preconizado no Brasil com três doses da VIP no primeiro ano de vida (aos 2, 4 e 6 meses) e duas doses de reforço (aos 15 meses e 4 anos) com a VOP é um esquema seguro.

O problema não está na vacina, e sim na baixa cobertura vacinal e no altíssimo risco que vivemos hoje

Considerando que a cobertura vacinal para poliomielite, em menores de 5 anos, está abaixo de 50% e que temos o poliovírus circulando em várias partes do mundo, podemos entender que boa parte de nossa população está suscetível ao poliovírus derivado da vacina e selvagem. Desse modo, é necessário que nós, pediatras, estimulemos nossos pacientes com mais de 1 ano e 3 doses prévias de VIP a comparecer maciçamente as unidades de saúde para receber dose extra de VOP.

Situação da Poliomielite no Mundo, hoje

A maioria dos pediatras não viu poliomielite. O último caso registrado no Brasil ocorreu em 1989 e a doença foi considerada eliminada em 1994. Desde então, graças à manutenção de coberturas vacinais acima de 95%, não registramos mais casos.

Hoje, apenas os poliovírus selvagens tipos 2 e 3 foram erradicados do planeta. No entanto, o tipo 1 continua causando doença, principalmente nos países endêmicos (Afeganistão e Paquistão) ou em países onde houve a reintrodução dos mesmos. Além disso, vírus derivados do vírus vacinal (tipo, 1, 2 e 3) podem ser encontrados no ambiente e infectar a população. Em qualquer uma dessas situações, crianças vacinadas estão protegidas!

Consultas recomendadas

  1. https://polioeradication.org/where-we-work/polio-outbreak-countries/
  2. https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/informe-campanha-polio-multivacinacao-2022.pdf
  3. paralisiainfantil.com.br

Em 21/10/2022

Pelos Departamentos Científicos de Infectologia e de Imunizações da SOPERJ

Dra. Isabella Ballalai

Dra. Patricia Guttman

Dra. Tânia Petraglia