CONSOPERJ 2021 Online: Especial, Dinâmico e Leve

O CONSOPERJ 2021 já era especial devido às comemorações dos 40 anos da SOPERJ. Mas, ao mesmo tempo, também era um grande desafio, já que era a primeira vez que estava sendo realizado no formato online. Um desafio vencido, como disse a presidente Dra. Katia Nogueira, ao final do evento. Foram dois dias de muita atualização, aprendizado e troca de experiências. 

O segundo e último dia do CONSOPERJ Online começou cedo. A partir das 8h da manhã, os participantes puderam acompanhar debates atuais e de diferentes áreas da pediatria como saúde escolar, saúde mental, neuropediatria, gastroenterologia e endocrinologia, além das questões sobre a Covid-19, tema central do Congresso.

As atividades foram iniciadas com café da manhã, que teve a participação de Rafael Vieira Garcia e Douglas Correa (Educação Financeira e Investimento) e da Dra Isabella Ballalai (Benefícios das vacinas combinadas, Benefícios das vacinas totalmente líquidas, prontas para uso e Atualização Nota Técnica CRIE).

No início da tarde, a Dra. Katia Nogueira (presidente da SOPERJ) e a Dra. Cássia Vaz (diretora de Relacionamento com o Associado) se juntaram em mais um bate-papo no Instagram para um balanço do evento, falar sobre o novo projeto da Sociedade – Ache seu Pediatra – e passar informações importantes. A novidade do “breaknews” foi mais uma alternativa de aproximação entre os participantes do congresso.

Sobre a iniciativa Ache Seu Pediatra, as médicas informaram que em breve o acesso aos pacientes estará disponível no site da SOPERJ e aproveitaram para convidar os associados a cadastrarem seus dados no sistema. Essa é mais uma forma de aproximar a SOPERJ dos seus sócios e dos pacientes.


Tópicos Discutidos neste Segundo Dia

  • Mesa Redonda: Saúde escolar e Pediatria Ambulatorial – Como ficaram as escolas na pandemia e no retorno escolar

Desde o fechamento das escolas, a SOPERJ vem discutindo essa questão e ressaltando o quanto ele tem sido prejudicial para crianças e adolescentes. Por isso, esse é um tema que não poderia faltar nesta edição do CONSOPERJ.

O assunto abriu os debates do segundo dia com a mesa redonda “Saúde Escolar e Pediatria Ambulatorial – Como ficaram as escolas na pandemia e no retorno escolar”.

As experiências bem sucedidas nos Estados Unidos e na Europa, que ajudam em como pensar no retorno escolar seguro, foram apresentadas pela Dra. Livia Esteves. A pediatra comentou sobre o Movimento Internacional de Buscas por Respostas e destacou, ainda, que os prejuízos pelo fechamento escolar prolongado serão intensos e de difícil recuperação, sem a prioridade e o investimento necessários.

Já o Dr. Daniel Becker abordou sobre os desafios de pediatras e familiares. Segundo ele, o desafio maior é com relação à escola pública, já que há poucas iniciativas no ensino público. O pediatra ressaltou que a escola é mais do que ensino formal/conteúdo, é território de interação, amor, afeto, segurança, acolhimento, troca e brincadeiras.

O debate foi moderado pelo Dr. Abelardo Bastos. Ao final os palestrantes responderam perguntas dos inscritos.

  • As telas, as crianças, os pais e os pediatras

A SOPERJ sempre tem se preocupado em levantar um debate sobre o impacto das telas durante a pandemia e como pais e pediatras precisam lidar com a questão. Por isso, um painel, moderado pelas doutoras Raquel Niskier Sanchez e Cecilia Mello Retumba Miranda, fez parte de um painel na manhã deste segundo dia do CONSOPERJ 2021. 

O Dr. Eduardo Jorge Custódio da Silva mostrou os pontos que preocupam e as questões  positivas no uso das telas. Ele mostrou a importância de ter atenção a algumas implicações, como no caso da quantidade e qualidade do sono no sistema nervoso central, mas também lembrou sobre os pontos positivos, como a persistência na realização de tarefas e interação entre equipes. 

Entre as várias sugestões ele lembrou que os pais hiperconectados terão mais dificuldades em propor um controle aos filhos, e que sempre é importante ter um local em casa onde aconteça uma espécie de detox digital para criar ambientes de confraternização familiar. 

A Dra. Evelyn Eisenstein trouxe números recentes e detalhes sobre formas de denúncias contra a violência digital, com números e endereços de site para informações tanto no Brasil como a nível internacional. Na palestra, a pediatra falou sobre o legado das telas para crianças e adolescentes onde é preciso aprender a lidar com emoções, as redes de relacionamentos e amizades verdadeiras e ampliar os horizontes da vida.

  • A avaliação do adolescente atleta pós Covid-19

A avaliação do adolescente atleta pós Covid-19 também fez parte da programação do CONSOPERJ na manhã deste sábado. A mesa redonda contou com a participação do Dr. Ricardo do Rego Barros, ex-presidente da SOPERJ, e da Dra. Maria de Fátima Monteiro Leite. A Dra. Maria de Fátima Goulart Coutinho, que também é ex-presidente da SOPERJ, foi a moderadora da mesa.

O Dr. Ricardo abordou a visão do pediatra sobre o tema e destacou que cada paciente com Covid-19 é único. Ele enfatizou que o retorno à atividade física pós Covid-19 deve ser baseado em uma abordagem sistêmica e de forma gradual. O acompanhamento deve ser por 3 a 6 meses após o desaparecimento dos sintomas e é preciso levar em consideração que o paciente apresenta uma considerável perda muscular.

A Dra. Maria de Fátima destacou que é inegável que a atividade física é importante para a saúde mental de crianças e adolescentes. No entanto, ela lembrou também que é fundamental que o paciente que teve Covid-19 passe por uma avaliação médica antes do retorno a essas atividades, principalmente competitivas.

  • Saúde Mental e Covid-19

Entre os vários impactos da pandemia estão os aspectos sociais e mentais das crianças. Vários itens preocupantes foram debatidos no painel no segundo dia do CONSOPERJ, coordenado pela Dra. Anna Tereza Miranda Soares de Moura. No debate, as dúvidas mostram o quanto é preciso continuar debatendo o tema. 

Entre os pontos, o alerta em relação à permanência das crianças e adolescentes fora das escolas por tanto tempo, e o impacto de forma significativa na saúde mental. O Brasil foi o país que permaneceu mais tempo, no mundo, com as escolas fechadas. A Dra. Luciana Barreto Phebo apresentou dados com número de crianças e adolescentes fora da escola, que mostram que o Brasil retrocedeu cerca de 10 anos de aprendizado. 

O Dr. Orli Carvalho lembrou que a saúde mental  é a capacidade de interpretar o mundo à sua volta. Ele explicou que em todas as previsões nas análises das ondas de Covid-19 é que, em todos os momentos, a saúde mental está presente. 

Ele afirma que é importante uma reflexão cuidadosa do problema e o impacto da pandemia.O Dr. Orli mostrou na literatura que o quadro de uma pandemia assim era previsível e o desafio é de um conhecimento muito dinâmico. O isolamento necessário tem sido o maior causador dos impactos negativos da saúde mental da população. 

  • Painel Gastro: Doença Inflamatória Intestinal e Microbioma

Um dos debates da parte da tarde abordou tópicos relacionados à gastroenterologia pediátrica. Com a moderação da Dra. Cássia Vaz, diretora de Relacionamento com o Associado da SOPERJ, a presidente da SBP, Dra. Luciana Rodrigues Silva, e a presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Dra. Cristina Targa, esclareceram questões sobre a doença inflamatória intestinal e sobre microbiota.

Em suas considerações, a Dra. Luciana destacou quando pensar no problema, as formas típicas e atípicas, tratamentos, acompanhamento dos pacientes, além dos principais obstáculos no Brasil. Segundo a pediatra, a precariedade de sistemas de informação, a alta prevalência de doenças infecciosas, a dificuldade no acesso à saúde no SUS, as poucas publicações internacionais e o atraso no diagnóstico são alguns dos desafios.

Já a Dra. Cristina falou sobre o que o pediatra precisa saber sobre microbioma. Ela explicou as definições, suas funções e formação, pré, pró e posbióticos, a modulação do microbioma, simbiose e disbiose, eixo cérebro intestino, o que fazer na prática, além da questão microbiota pós-Covid-19.

  • Mesa Redonda: Parece, mas não é: GT otorrino

Estridor inspiratório, atraso de linguagem e otomastoidite foram os tópicos discutidos na mesa redonda do GT de Otorrino, coordenado pelo Dr. Joel Cunha, diretor de Publicação da SOPERJ. Os esclarecimentos foram do Dr. Paulo Pires de Mello, da Dra. Flavia Varela Capone e do Dr. Édio Cavallaro.

O Dr. Paulo apresentou a palestra “Estridor: além da Laringomalácia” e destacou que nem todo estridor significa laringomalácia, que nem sempre precisa ser observada. Ele falou sobre a importância do diagnóstico diferencial e ressaltou que é fundamental focar no estridor e não em um diagnóstico de suposição.

Já a Dra. Flávia abordou o atraso na linguagem. A pediatra listou algumas das possíveis e destacou os sinais de alerta: nenhuma palavra emitida até os 18 meses, não juntar duas palavras aos 2 anos, ausência de desempenho imitativo e simbólico até os 2 anos, não formação de sentenças e discurso incompreensível aos 3 anos.

A palestra que encerrou o debate foi apresentada pelo Dr. Édio Cavallaro que abordou a otomastoidite. O médico explicou também as definições sobre outras complicações da otite como mastoidite coalescente e periostite mastoidea. A primeira rara condição em casos agudos, enquanto a segunda é a complicação mais comum das otites médias agudas.

  • Conferência: Doenças raras -panorama brasileiro e propostas pediatria atual

Duas conferências encerraram os debates da edição de 2021 do CONSOPERJ Online. Uma delas abordou as doenças raras e foi apresentada pela Dra. Raquel Tavares Boy da Silva, do Departamento Científico de Genética da SOPERJ. Ela fez um panorama brasileiro dessas doenças e destacou propostas da pediatria atual.

A pediatria apresentou a definição de doenças raras, os momentos presentes na prática pediátrica, o impacto na vida da criança e da família, o impacto na saúde pública e os cenários e possibilidades.

A Dra. Raquel destacou que são cerca de 8 mil doenças raras, sendo a maioria genética, e 30% delas são fatais antes dos cinco anos de idade. A médica ainda falou sobre a Triagem Neonatal e a ampliação do Programa.