How Are You?

No mundo globalizado, o conhecimento médico voa – em inglês. Você acha possível um médico, seja lá em que país estiver, ignorar bancos de dados excepcionais como o Medline ou o Online Mendelian Inheritance in Man? Se a Medicina do século XXI é baseada em evidências, em que língua 90% das evidências e diretrizes clínicas estão escritas? A despeito desses argumentos, espanta-me que, até hoje, alguns de nossos colegas pediatras declarem que não estão interessados em livros e artigos estrangeiros, porque "não retratam a realidade brasileira".

Louvo o esforço e o sucesso dos autores nacionais, que têm gerado um bom volume de artigos técnicos e livros, dentre os quais destaca-se o recente Tratado de Pediatria da SBP. Mas, creio que xenofobia e nacionalismo não combinam com ciência. A fim de prestar assistência médica de alto nível aos nossos pacientes, temos de nos atualizar, e grande parte das fontes modernas de atualização está em inglês.

Reconheço que um artigo científico sobre a distrofia muscular de Fukuyama – doença genética que ocorre quase exclusivamente no Japão – não deve suscitar grande interesse entre os pediatras brasileiros, mas o que dizer da doença de Kawasaki, também descrita no Japão e prevalente em inúmeros países? Por isso, temos boas razões para aprimorar nosso inglês e, em particular, o jargão técnico que a essa altura tornou-se universal.

Fui convidado pela diretoria da SOPERJ para apresentar aos colegas pediatras dicas e peculiaridades do inglês médico. A idéia desta coluna é facilitar sua leitura de artigos e livros médicos em inglês e, com essa finalidade, apresentaremos aspectos do inglês técnico que tende a suscitar dúvidas ou mal-entendidos. A seguir, alguns exemplos dos temas a serem abordados.

1. Falsos amigos. Você sabia que "rubeola" significa "sarampo", em vez de "rubéola" (em inglês, rubella)? E que "medulla" traduz-se por "bulbo" em vez de "medula espinhal" (em inglês, spinal cord)? Vamos dar uma lista dos termos mais comuns que induzem o leitor ao erro e, por isso, são chamados pelos tradutores de falsos amigos.

2. Conversões. A temperatura corporal mencionada em textos médicos americanos quase sempre reflete a temperatura oral, a qual é 0,4O C mais alta que a temperatura axilar, utilizada em nosso país.

3. Falsos epônimos. Certa vez li o termo "síndrome nefrótica de Finnish" – em inglês, Finnish nephrotic syndrome. A tradução correta é "síndrome nefrótica finlandesa". "Mulibrey nanism" também não se traduz por "nanismo de Mulibrey", como veremos.

4. Siglas. Os textos médicos americanos usam diversas siglas que são bastante triviais … para eles. Por exemplo, npo significa dieta zero, qd refere-se à posologia "uma vez ao dia", mas qid quer dizer "quatro vezes ao dia".

5. Adaptações à linguagem corrente brasileira. "Common bile duct" significa "ducto colédoco" e "cardiopulmonary bypass" equivale a "circulação extracorpórea".

Temos, enfim, uma série de assuntos para abordar. Além disso, gostaria de receber suas sugestões de temas ou até mesmo simples dúvidas, que podem ser encaminhadas para a SOPERJ. (soperj@ism.com.br).

Marcio M. Vasconcelos
soperj@ism.com.br

How Are You?

No mundo globalizado, o conhecimento médico voa – em inglês. Você acha possível um médico, seja lá em que país estiver, ignorar bancos de dados excepcionais como o Medline ou o Online Mendelian Inheritance in Man? Se a Medicina do século XXI é baseada em evidências, em que língua 90% das evidências e diretrizes clínicas estão escritas? A despeito desses argumentos, espanta-me que, até hoje, alguns de nossos colegas pediatras declarem que não estão interessados em livros e artigos estrangeiros, porque “não retratam a realidade brasileira”.
Louvo o esforço e o sucesso dos autores nacionais, que têm gerado um bom volume de artigos técnicos e livros, dentre os quais destaca-se o recente Tratado de Pediatria da SBP. Mas, creio que xenofobia e nacionalismo não combinam com ciência. A fim de prestar assistência médica de alto nível aos nossos pacientes, temos de nos atualizar, e grande parte das fontes modernas de atualização está em inglês.
Reconheço que um artigo científico sobre a distrofia muscular de Fukuyama – doença genética que ocorre quase exclusivamente no Japão – não deve suscitar grande interesse entre os pediatras brasileiros, mas o que dizer da doença de Kawasaki, também descrita no Japão e prevalente em inúmeros países? Por isso, temos boas razões para aprimorar nosso inglês e, em particular, o jargão técnico que a essa altura tornou-se universal.
Fui convidado pela diretoria da SOPERJ para apresentar aos colegas pediatras dicas e peculiaridades do inglês médico. A idéia desta coluna é facilitar sua leitura de artigos e livros médicos em inglês e, com essa finalidade, apresentaremos aspectos do inglês técnico que tende a suscitar dúvidas ou mal-entendidos. A seguir, alguns exemplos dos temas a serem abordados.
1. Falsos amigos. Você sabia que “rubeola” significa “sarampo”, em vez de “rubéola” (em inglês, rubella)? E que “medulla” traduz-se por “bulbo” em vez de “medula espinhal” (em inglês, spinal cord)? Vamos dar uma lista dos termos mais comuns que induzem o leitor ao erro e, por isso, são chamados pelos tradutores de falsos amigos.
2. Conversões. A temperatura corporal mencionada em textos médicos americanos quase sempre reflete a temperatura oral, a qual é 0,4O C mais alta que a temperatura axilar, utilizada em nosso país.
3. Falsos epônimos. Certa vez li o termo “síndrome nefrótica de Finnish” – em inglês, Finnish nephrotic syndrome. A tradução correta é “síndrome nefrótica finlandesa”. “Mulibrey nanism” também não se traduz por “nanismo de Mulibrey”, como veremos.
4. Siglas. Os textos médicos americanos usam diversas siglas que são bastante triviais … para eles. Por exemplo, npo significa dieta zero, qd refere-se à posologia “uma vez ao dia”, mas qid quer dizer “quatro vezes ao dia”.
5. Adaptações à linguagem corrente brasileira. “Common bile duct” significa “ducto colédoco” e “cardiopulmonary bypass” equivale a “circulação extracorpórea”.
Temos, enfim, uma série de assuntos para abordar. Além disso, gostaria de receber suas sugestões de temas ou até mesmo simples dúvidas, que podem ser encaminhadas para a SOPERJ. (soperj@ism.com.br). 
Marcio M. Vasconcelos
soperj@ism.com.br