Alimentação Responsiva

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) afirma que uma das muitas queixas dos consultórios pediátricos é a criança que não come. Só que comer é essencial. Então como os profissionais e os pais podem ajudar a melhorar a relação dos pequenos com a comida? Pensando nisso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere um modelo de alimentação responsiva.

O que é a alimentação responsiva?

A alimentação responsiva é um estilo parental de condução alimentar. Ela é uma forma de estimular a autonomia da criança e o respeito dos pais com relação aos sinais interno de fome e saciedade infantil. O modelo é considerado pela OMS e pela Academia Americana de Pediatria a melhor prática de alimentação.

Segundo a OMS, a alimentação responsiva reconhece e valoriza o papel dos pais e responsáveis no processo de aprendizagem da criança com o alimento. A entidade ainda reforça que essa estratégia é uma grande aliada no controle da obesidade.

O modelo possui quatro pontos-chave:

  • Alimentar a criança de forma lenta e paciente, encorajando-a a comer sem força-la;
  • Experimentar diferentes combinações, seja de textura, de gostos, caso haja recusa;
  • Conversar com a criança durante as refeições, manter contato visual e estimulá-la a tocar na comida;
  • Evitar distrações como celulares, tablets, televisão etc.

A OMS destaca também que o alimento deve ser servido para a criança em prato separado para que quem estiver alimentando-a possa avaliar a quantidade que ela está ingerindo.

Envolvimento dos pais

A alimentação de qualidade e quantidade adequadas é fundamental para o bom desenvolvimento infantil, além da manutenção da saúde e bem estar da criança e do adolescente. Por isso, o envolvimento dos pais no processo é imprescindível.

A SBP, através do Guia de Orientação – Dificuldades alimentares, produzido pelo Departamento Científico de Nutrologia Pediátrica, ressalta que é muito importante que os pais evitem o controle alimentar, as restrições e a pressão para que o filho coma.

Segundo a Sociedade, essas atitudes só dificultam a resposta e compreensão da criança com relação ao alimento, podendo levar não só a recusa, mas também a outros problemas de saúde como a obesidade e os transtornos alimentares.

Pais responsivos orientam de forma positiva sobre a alimentação, sem controle ou pressão para comer, destaca a SBP. Geralmente eles também têm hábitos saudáveis, dividem as responsabilidades alimentares com os filhos, há diálogo, reconhecem os sinais de saciedade da criança, além de estabelecer horários regulares para as refeições.

Papel do pediatra

A SBP destaca que o papel do pediatra na questão, vai além da prescrição de estimulantes de apetite ou vitaminas. O médico deve orientar os pais em como eles podem contribuir para o aprendizado alimentar dos seus filhos, promovendo saúde e a prevenção das doenças.

No Guia, é reforçado que é preciso um enfoque holístico do pediatra que permita não só um bom diagnóstico clínico, mas também do ambiente familiar e social da criança. Além disso, os profissionais de saúde que acompanham e estejam avaliando as dificuldades alimentares da criança devem saber reconhecer os estilos parentais, identificar as estratégias mais eficazes e orientar a família para chegar no melhor resultado.