Namoro na adolescência: qual é a idade certa? – Pediatra chama atenção para a importância do diálogo em família

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RIO DE JANEIRO – Qual é a época ideal para o adolescente começar a namorar é a pergunta que muitos pais e alguns adolescentes fazem diariamente nos consultórios.
Segundo Terezinha Cruz, presidente do Comitê de Adolescência da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj), o namoro é resultante de uma série de modificações físicas e intrapsíquicas e faz parte de mais uma etapa da vida dos jovens. “É um momento de experimentação, de treino, que o adolescente passa entre a fase da infância, quando recebe passivamente o afeto, e a fase adulta, de envolvimento afetivo-sexual. Idade exata para se iniciar um relacionamento não existe. O ideal é que, no próprio contexto familiar, se aprenda a respeitar o outro, a tolerar as diferenças, a valorizar a vida e as pessoas” , diz ela.
“É essencial ter abertura e disponibilidade interna para compreender como vivem suas sexualidades, ouvi-los, trocar opiniões e inclusive relembrar como foi na sua adolescência essa experiência do primeiro beijo, primeiro namoro, as reações dos avós do adolescente e até,quem sabe, conversar sobre isso com o filho”, acrescenta a médica.
O importante mesmo não é só conversar sobre o que é sexo, contracepção ou DST. É, também, sobre respeito e responsabilidade consigo mesmo e com o outro, amor, sexualidade, ou seja, “trabalhar a auto-estima dos jovens para que consigam entender e controlar seus impulsos sexuais, que com a maturação sexual biológica da adolescência são reativados”, indica Terezinha. A médica afirma, ainda, que o adolescente deve entender que precisa de maturidade emocional/intelectual, e não só biológica, para chegar a uma sexualidade mais responsável.
Os pais devem lembrar que fazem parte das características do desenvolvimento emocional dos adolescentes as grandes paixões, mas que elas são frágeis e inconstantes, “levando os jovens a viver o que chamamos de monogamia seriada, até conseguirem estar em uma etapa mais tardia da adolescência quando já definiram sua identidade. Se não receberem orientação podem tornar-se meros consumidores de corpos em vez de partilharem afeto e prazer” , explica Terezinha Cruz.
Muitas famílias têm dificuldade de manter essa relação aberta com os jovens em relação às questões que envolvem a sexualidade e “é aí, então, que a escola, serviços de saúde e outros podem e devem ajudar nessa orientação e servir de ponte entre os jovens e a família”, sugere a presidente do Comitê de Adolescência da Soperj.
Terezinha Cruz lembra que há alguns anos nossa sociedade assistia a uma forma de comportamento amoroso constituída por fases como flerte, namoro, noivado e casamento. “Atualmente, ficar é um comportamento muito adotado, onde o que vale é o aqui e o agora, o prazer imediato, sem vínculos, a fase exploratória, de experimentação”. Ficar, embora possa envolver intimidade, parece ser um estágio para quem está começando a exercer a sexualidade. “Com a maturidade, as escolhas devem tornar-se mais profundas, onde a afetividade e o respeito pelo outro são levados mais em conta do que os aspectos físicos (sexual e estético)”, garante a médica.
Nos diálogos em família é importante mostrar aos adolescentes que eles merecem investimento. Seguem algumas dicas para quem quer estar em sintonia com os filhos: conversar com os adolescentes sempre que solicitarem; estimular perguntas e conversação sobre todos os temas, aproveitando debates polêmicos dos programas de TV; saber ouvir a todo momento, mantendo aberto o canal de diálogo; “e acima de tudo ser humilde e assumir que não sabe, mas que vai procurar a resposta”, finaliza Terezinha Cruz.

Fonte:Agencia Brasileira de Notícias