Pediatras alertam para cuidados no consumo de chocolate na Páscoa

22/03/2016

Comitês da SOPERJ dão dicas para evitar alergia, sobrepeso, insônia e a até taquicardia

A Páscoa se aproxima e, com ela, os ovos de chocolate tão difundidos pela publicidade. Mas junto a eles se faz necessária uma série de cuidados para evitar que as crianças enfrentem problemas de saúde, inclusive no futuro. O alerta é feito pelos comitês de Endocrinologia e de Nutrologia da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro – SOPERJ, que relacionam diversas reações que podem afetar as crianças, desde alergia até taquicardia, em caso de consumo exagerado. E, importante: crianças de até 2 anos não devem comer chocolate.

“Até 2 anos a criança não desenvolveu completamente a habilidade de digerir o chocolate, devido à grande quantidade de gordura desse alimento. E com isso pode desenvolver alergia a algum de seus ingredientes, o que é comum nesta faixa etária”, diz Marilena de Menezes Cordeiro, presidente do Comitê de Endocrinologia da SOPERJ.

“O consumo de alimentos com açúcar é contraindicado para crianças até 2 anos, e isso, é claro, inclui o chocolate”, completa Mônica Moretzsohn, presidente do Comitê de Nutrologia.
As pediatras reconhecem a dificuldade de controlar as crianças nessa época do ano. “O cacau, que é o nutriente que está na origem do chocolate, era considerado o alimento dos deuses pelos Maias na antiguidade”, lembra a Dra. Mônica. “Até quem não tem o hábito de comer chocolate fica com desejo”, reconhece a Dra. Marilena. Mas é nessa hora que “precisamos exercitar nossa capacidade de contenção de impulsos”, complementa.

“O consumo exagerado, em curto prazo, pode causar distúrbios gastrointestinais como vômito, diarréia, enxaqueca e, em longo prazo, sobrepeso e obesidade, com importantes repercussões para a saúde”, alerta Mônica Moretzsohn. “A quantidade a ser oferecida deve ser restrita a 30 gramas, já que contém em média 16 gramas de açúcar por porção”. Marilena Cordeiro acrescenta: “No caso de consumo exagerado podemos observar quadros de agitação e insônia, devido ao excesso de cafeína presente. A taquicardia leve também pode ocorrer devido à presença das xantinas, um estimulante alcalóide do mesmo grupo da cafeína. A acne também é uma complicação comum ao consumo excessivo da gordura presente nos chocolates. E o uso abusivo e frequente do chocolate pode até desencadear um quadro de diabetes tipo 2”, completa a presidente do Comitê de Endocrinologia.

Outro alerta feito pelas pediatras da SOPERJ diz respeito à proteína do leite de vaca. “Os pais de crianças com alergia à proteína do leite de vaca devem estar atentos à rotulagem quanto à presença de leite, traços de leite ou outros indícios derivados no produto”, comenta a presidente do Comitê de Nutrologia. Outro cuidado a ser tomado é com a quantidade de gordura hidrogenada. “Alguns fabricantes, para baratear o custo do produto, acrescentam maior quantidade de gordura hidrogenada, e seu consumo está associado ao aumento de colesterol e desenvolvimento de diabetes”, ressalta.
Marilena de Menezes Cordeiro lembra que “o chocolate branco é o campeão em calorias, juntamente com aqueles misturados com oleaginosas, nozes e castanhas. Os chocolates diet não tem açúcar, mas seu teor de gordura é maior que os normais”. Por outro lado, Mônica Moretzsohn indica “os chocolates com maior teor de cacau (amargos ou 70% cacau), pois contêm menos açúcar e gordura e maiores benefícios para saúde”.

E que benefícios podem haver no consumo de chocolate? “A presença de polifenóis e flavonoides tem propriedades antioxidantes, mas estão presentes também substâncias como teobromina e cafeína, que são estimulantes do sistema nervoso central”, reconhece a presidente do Comitê de Endocrinologia Mas “não podemos oferecer como substituto da refeição, pois pode resultar em padrão alimentar inadequado com carência de nutrientes”, destaca a presidente do Comitê de Nutrologia da SOPERJ, Mônica Moretzsohn.
“Não há mal algum em eventualmente presentearmos pessoas queridas com um chocolate em situações especiais como essa, mas ele nunca deve substituir um carinho, um abraço apertado ou um beijo”, finaliza a Dra. Marilena de Menezes Cordeiro, do Comitê de Endocrinologia da SOPERJ.