PROTEGENDO SEU BEBÊ DA AIDS

Durante a gravidez e a amamentação, toda mulher deve proteger seu bebê do vírus da AIDS. Para isso é importante que você tome todos os cuidados para não se infectar pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana, ou vírus da AIDS) nesses períodos.

Toda grávida mandatoriamente tem que ser testada para o HIV (entre outras infecções). Geralmente essa testagem é realizada logo no início da gestação. Se o resultado vier positivo, há de se coletar um segundo exame confirmatório, e inicia-se o tratamento o mais breve possível, para tentar evitar a transmissão do vírus para o feto. Este tratamento preventivo resulta em sucesso na quase totalidade dos casos.

O teste deve ser repetido no último trimestre da gestação e, em geral, também é feito um “teste rápido” quando a mulher dá entrada na maternidade para o parto.

E por que é importante a repetição do teste se o primeiro exame foi negativo?

Porque atos sexuais (vaginais, anais ou orais) durante a gravidez e a amamentação podem levar à contaminação da mulher e do bebê. Logo, se seu exame é negativo, você deve se cuidar para continuar sem o vírus. Para isso, é preciso que saiba se o exame de seu parceiro também é negativo. Se você não souber se seu parceiro tem ou não HIV, você deve sempre usar preservativo (camisinha) durante o sexo. Esse cuidado deve durar toda a gravidez e o período de amamentação.

 

Desde 1982, quando a mídia noticiava os primeiros casos de AIDS no Brasil atribuindo a doença a um grupo minoritário (gays, usuários de drogas e profissionais do sexo), o estigma da doença assombrava os afetados e as suas famílias. Passados 37 anos, infelizmente não podemos dizer que tudo mudou… Mesmo após a descoberta do vírus e de como ele é transmitido (via sexual, sanguínea e leite materno), os portadores do vírus ainda sofrem imenso preconceito em nossa sociedade.

E é esse preconceito a principal barreira para o diagnóstico precoce, a prevenção e o tratamento.

 

Alguns conceitos importantes para entender o HIV e a AIDS:

  • Janela imunológica: esse é um período entre o momento da contaminação e o início da formação de anticorpos (agentes de combate a infecções) específicos, momento em que o indivíduo se torna reagente para o HIV, ou seja, quando a pessoa sai do status de “negativo” (não reagente)  para o status de “positivo” (reagente). Esse período pode durar algumas semanas ou até 3 meses! O paciente pode ter o HIV presente em seu organismo, mas com resultados negativos nos testes comuns de detecção.
  • HIV não é AIDS: uma pessoa contaminada pelo vírus pode viver muitos anos sem qualquer manifestação clínica, ou seja, a pessoa nem desconfia de seu diagnóstico e com isso pode contaminar outras pessoas. AIDS é a forma mais avançada da doença, com comprometimento do sistema imunológico (de defesa) do corpo e consequente desenvolvimento de doenças chamadas “oportunistas” (que se instalam porque o sistema de defesa do corpo não está funcionando), doenças essas que são em geral a causa da morte do paciente infectado pelo HIV. O vírus HIV não mata, o que mata são as consequências para com o sistema imunológico.

O tratamento precoce deve ser feito antes que o sistema imune esteja comprometido. Assim a pessoa pode ser portadora do vírus, mas não adoecer.

 

 

Agora vamos falar um pouco sobre como o HIV é transmitido de uma pessoa para a outra. Há basicamente 3 formas de transmissão:

  1. O vírus do HIV pode ser transmitido pelo sangue, (e não estamos falando aqui em uma gota de sangue que caia sobre a pele de alguém). Isso pode ocorrer no caso de usuários de drogas injetáveis (que compartilham seringas e agulhas), nos usuários de drogas inalatórias como cocaína (onde os usuários compartilham canudos que ficam sujos com sangue da mucosa nasal), nos tatuados cujo material usado estava contaminado, e também a receptores de sangue transfundido, ou seja pessoas com uma gama imensa de outras doenças não contagiosas que necessitam do sangue de outros para sobreviver, como é o caso do hemofílicos (sendo o mais famoso no nosso meio Betinho, que faleceu em 1997 com AIDS).

            Então, você nos pergunta: mas o sangue para doação não é testado? Sim, o sangue é testado para HIV e outras doenças transmissíveis. Mas devido ao vírus ter um período de “janela imunológica” onde ele não é identificado, pode haver risco de contaminação (ainda que mínima) pelo processo de transfusão.

Esse também é o meio de transmissão da mãe para o filho ainda não nascido: o vírus circulando no útero materno pode passar pela placenta contaminando assim o bebê ainda não nascido. O bebê pode nascer já com a forma mais avançada da doença. Mas nem toda a mãe com infecção pelo HIV obrigatoriamente terá seu filho contaminado, especialmente com as medicações disponíveis para o tratamento das grávidas soropositivas. Quando feito o diagnóstico na gravidez, é iniciado imediatamente o tratamento. Com isso o risco da contaminação do bebê pode ser muito baixo.  

 

  1. Há estudos comprovando a presença do vírus no leite materno. Portanto há possibilidade e risco na transmissão através não só do aleitamento pela mãe, mas também pelo que chamamos de “aleitamento cruzado”: outra mulher, contaminada pelo vírus (e por vezes sequer diagnosticada), amamenta seu filho passando o vírus para o bebê.

 

  1. Mas a principal forma de transmissão ainda é através do sexo. Não importa se a pessoa é homossexual, bissexual ou heterossexual. Relações sexuais, sejam elas vaginais, anais ou orais, desprotegidas, ou seja, sem o uso de um método de barreira (camisinha, camisinha feminina), podem levar a contaminação pelo HIV. Além de outras doenças, como sífilis, gonorreia, hepatite B e C, e também gravidez indesejada.

 

Maio / 2019.