Redução da Gravidez na Adolescência no Município do Rio de Janeiro

A gravidez na adolescência é motivo de preocupação no mundo todo. Muitas vezes desejada, a maternidade pode ser o único projeto possível de reconhecimento e ascensão social.
Baixa auto-estima, baixa escolaridade/evasão escolar, padrões familiares e culturais de atividade sexual e/ou gravidez precoces, puberdade precoce e situações de maus tratos costumam se relacionar com maiores freqüências de gestação nesse grupo. Experiências de intervenção com foco na vulnerabilidade desse grupo, promovendo auto-estima e projeto de vida, prevenindo a violência, combatendo a discriminação de gênero e buscando garantir os direitos de cidadania mostram a repercussão benéfica dessas medidas na vida das adolescentes. A repressão ao prazer e a negação de corpos sexuados já se mostraram ineficazes, além de poderem reduzir as chances da prática sexual segura.
Muito se fala de a gravidez levar à evasão escolar, mas estar fora da escola aumenta muito a chance de a gravidez ocorrer, reduzindo ainda mais as chances de inserção no mercado de trabalho e contribuindo para a perpetuação do ciclo de pobreza.
Até 2000, a taxa de fecundidade na população adolescente do Município do Rio de Janeiro apresentava tendência gradual de elevação, embora as taxas de fecundidade na população em geral, tal como no restante de nosso país, apresentasse redução.
Entre 1980 e 1995, as taxas de fecundidade mais elevadas estavam entre 15 a 19 anos. O que mais preocupava, no entanto, era o fato de o grupo entre 10 e 14 anos apresentar a maior variação positiva (7,1% ao ano).
A partir de 2001, observa-se o decréscimo dos valores também na faixa etária de 10 a 14 anos. Essa queda sugere ser resultante da ação conjunta das áreas de saúde, educação, assistência social e outros parceiros.
No entanto, preocupa que a redução da fecundidade tenha sido menos expressiva entre 10 e 14 anos, grupo com maior risco biológico, mais suscetível à falta de informação e mais exposto à violência sexual pela própria falta de autonomia para negociar suas relações sexuais.
Algumas das intervenções recomendadas são: articulação intra e interinstitucional para garantir ações na rede básica que contribuam para a prevenção da gravidez não planejada e postergação da segunda gravidez, desenvolvendo ações de protagonismo juvenil; e garantia da continuidade no fornecimento de insumos contraceptivos para adolescentes e jovens, incluindo a contracepção de emergência, visando a dupla proteção.
O incentivo para que os adolescentes prossigam na educação formal, tem reflexos imediatos na saúde reprodutiva e essa lógica vale para diferentes faixas etárias e para ambos os sexos.