SETE PASSOS PARA UM SONO SEGURO – PREVENINDO A SÍNDROME DA MORTE SÚBITA DO LACTENTE

Autora: Luciane Silveira Baratelli
             Neuropediatra da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
             Membro do Departamento de Neuropediatria da SOPERJ

 

A Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL) é caracterizada pela morte súbita e inesperada de crianças menores de um ano durante o sono, cuja causa não pode ser explicada mesmo por exames pós-morte como autópsia. É um evento raro, porém, devastador para as famílias acometidas. No Brasil, não temos estatísticas oficiais sobre a sua incidência, mas nos Estados Unidos, ela é responsável anualmente pela morte de 3.500 bebês.

 

Embora o exato mecanismo pelo qual a SMSL ocorre ainda não tenha sido bem estabelecido, existem medidas simples que podem ser adotadas para diminuir o seu risco. Por isso, é importante, que todos os pais de crianças menores de um ano sejam adequadamente informados sobre como propiciar um sono seguro.

 

– Dormir de barriga para cima: uma das principais medidas para prevenir a SMSL é posicionar o bebê de barriga para cima para dormir. Essa recomendação foi adotada pela primeira vez em 1992 nos EUA, levando a uma grande redução nos casos de SMSL. Muitos pais têm receio que os bebês se sufoquem nesta posição, mas os estudos mostram justamente o contrário, com o risco de sufocamento sendo maior naqueles que dormem de barriga para baixo. Uma vez que o bebê aprende a rolar, ele deve continuar sendo colocado para dormir de barriga para cima, mas não é necessário reposicioná-lo durante o sono, sendo seguro permitir que ele adote qualquer posição.

 

– Utilizar uma superfície firme: bebês devem ser colocados sobre um colchão firme, coberto apenas com um lençol fino, idealmente em um berço tradicional, em modelos que podem ser acoplados a cama dos pais ou moisés. O local em que ele dorme não deve conter nenhum objeto solto, incluindo cobertores, brinquedos de pelúcia, travesseiros ou protetores de berço, pois estes podem levar ao sufocamento. Em caso de baixa temperatura, devem-se utilizar roupas agasalhadas, com moderação, para evitar o aquecimento excessivo.

 

– Amamentação: bebês amamentados ao seio tem menor risco de apresentarem SMSL, mesmo quando a amamentação não é exclusiva.

 

– Dormir no quarto dos pais: dividir o mesmo cômodo com os pais, mas não a mesma cama, diminui significativamente o risco da SMSL. É recomendando que eles durmam no mesmo quarto dos pais idealmente durante todo o primeiro ano de vida, ou no mínimo, durante os 6 primeiros meses.

 

– Uso de chupetas: este é um dos aspectos mais polêmicos nas medidas para evitar a SMSL. Embora o uso de chupeta tenha demonstrado diminuir o risco da SMSL em alguns estudos, ela pode levar a confusão de bicos que interfere negativamente na amamentação, além de aumentar o risco de otite média, de má oclusão dentária e dificuldade na fala. Deste modo, não deve ser recomendada de rotina para este fim. Caso, mesmo assim, a família opte por oferecê-la, é importante que não sejam utilizados nenhum cordão ou prendedor de chupeta ao redor do pescoço, pois pode levar ao estrangulamento.

 

– Cuidados pré-natais: o risco da SMSL é menor nos filhos de mulheres que realizaram pré-natal adequado.

 

– Uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas: o uso dessas substâncias pelas mães tanto durante a gestação quanto após o parto aumenta significativamente o risco de SMSL. Mulheres gestantes que apresentam tais dependências devem ser encaminhadas para grupos de tratamento adequado tão logo quanto possível.

 

            Campanhas para prevenir a SMSL são muito eficazes, e devem ser encorajadas. Medidas simples podem diminuir muito esse risco. Ajude a disseminar essa informação!

           

Maio / 2019