“SOCORRO, MEU FILHO TEM FEBRE” É TEMA DE CONFERÊNCIA NO CONGRESSO DE PEDIATRIA NO RIO

Em atendimento de emergência, 65% das queixas tem a febre como queixa preponderante

O alerta é do pediatra Tadeu Fernando Fernandes, secretário do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo: não se deve intercalar antitérmicos no combate à febre, prática que tem se tornado comum entre médicos, mas que várias publicações alertam para o risco dela, por poder provocar erro na dosagem e intoxicações.

Esse será um dos assuntos tratados pelo Dr. Tadeu Fernando Fernandes, na conferência “Socorro, meu filho tem febre”, uma das que vão abrir o XII Congresso de Pediatria (CONSOPERJ), organizado pela Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ), entre os dias 10 e 12 de outubro, no Centro de Convenções Sul-América, no Centro do Rio de Janeiro. Segundo ele, “a febre é uma das queixas mais comuns nos atendimentos pediátricos, estima-se que de 20% a 30% das consultas pediátricas a referem como queixa única preponderante, aumentando para 65% das consultas nos serviços de emergência, onde aparece como um dos sinais e sintomas da queixa principal, sem contar que 75% das chamadas telefônicas a pediatras fora do horário convencional (celular, WhatsApp, etc.) têm a febre com primeira queixa”.

O médico explica que embora na maioria das vezes a febre seja a primeira manifestação de infecções virais agudas, a presença dela é temida porque também pode sinalizar para alguma doença mais grave. “Nessa hora o racional e o inconsciente se misturam, a ponto de se cunhar um termo específico para expressar a forte sensação de ansiedade acompanhada de intensa insegurança: febrefobia”, comenta o Dr. Tadeu.

O pediatra afirma que não existe “um valor ‘mágico’ de temperatura, teórico, fixado por consensos ou guidelines para administrar antitérmicos”. Ele diz que a recomendação para uso de antitérmicos em crianças deve ser feita quando a febre está associada a desconforto evidente (choro intenso, irritabilidade, redução da atividade, redução do apetite, distúrbio do sono) e não baseado em um número predeterminado (38º C ou 38,5º C, etc.)

Do ponto de vista leigo, a febre é sempre considerada um vilão indesejável, que, além do desconforto, pode desencadear convulsão. “Os antitérmicos estão entre os fármacos mais utilizados em crianças, com ou sem prescrição médica, e são comumente causa de intoxicações, em geral por erro na administração de dose ou intervalo, ou por interação medicamentosa”, ressalta o médico da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

O XII CONSOPERJ terá como tema central “Emergência”, e entre conferências, mesas redondas, painéis e fóruns, o evento terá cerca de 60 atividades. Segundo a presidente da SOPERJ, Isabel Rey Madeira, “o objetivo nesse XII CONSOPERJ é de nacionalizar o congresso, trazendo pediatras de outros estados. Além do tema central, Emergência, vamos abordar atualizações em temas clássicos de Pediatria, tradicionalmente uma marca do CONSOPERJ. E teremos como novidade seções interativas e as clássicas exposições de pôsteres e temas livres, com oportunidade para a troca de saberes”.